terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Tirando a poeira da Estante - Batman: Asilo Arkham

     Houve um tempo em que eu era leitor assíduo de sites, blogs de notícias (e scans, AHOY! lobo do mar! Gancho na mão e tapa olho na cara) e acompanhava religiosamente todas as notícias dos meus personagens favoritos. No entanto em uma pequena viagem a um sebo muito conhecido, acredito de todos os meus companheiros moradores da Asa Norte de Brasília, encontro uma pequena pérola chamada "Batman: Asilo Arkham". A capa bagunçada e cheia de recortes estranhos me fez duvidar de que aquilo era um gibi do Batman, mas estava escrito na capa então resolvi acreditar mesmo com o danado dentro de sua gaiola plástica na estante do sebo. Achei estranho nunca ter me esbarrado com uma capa tão distinta, e apesar de minha memória fraca e falha achei que se tivesse visto antes iria me lembrar.
Surrado e intrigante
     Quando li pela primeira vez, mandei um alto e sonoro PUTAQUEOPARIU, e voltei na capa somente para perceber do que se tratava o título "Uma séria casa num sério mundo" bem estampado e ainda assim escondido no meio da bagunça que é essa arte maravilhosa.
     Sempre vi as histórias do Batman (pelo menos as que considero melhores) como um ode á loucura, opinião já batida aí por milhões de leitores e fãs e que em minha humilde análise de merda é completamente corroborada por esta citada obra.
     Na trama, deu a louca na turminha do asilo e os detentos resolvem aprontar altas confusões na Sessão da Tarde, sequestrando toda a folha de pagamento da instituição que, pasmem, estão sendo mantidos vivos apenas pela benevolência e controle do Coringa sob os outros alucinados lá internados, em um bom roteiro que é cortesia do grande Grant Morrison.
     O Cavaleiro das Trevas é então chamado para resolver a situação (porque o Batman não tenta, o Batman faz), mas já sabendo que é esperado pelos vilões que requerem sua presença após (como era de se esperar) fazer várias e absurdas requisições à polícia. O herói vai então sozinho ao Asilo para se debater com a nata do seu Hall de inimigos, já devidamente preparados para a sua chegada. Na minha última leitura percebi que um dos seus pontos fortes da obra é a análise de cada um deles, mostrando o que passam durante o seu tratamento e detalhes intrigantes sobre as suas falhas de caráter e doenças mentais sob a luz de um dos psicólogos responsáveis pelos seus tratamentos.
     Em paralelo às desventuras do embate entre o bem e o mal, somos também apresentados ao fundador da Instituição Amadeus Arkham, em sua jornada de psicólogo bem sucedido até o final trágico como paciente de seu próprio Asilo após a perda de sua família de um modo brutal, tendo relação direta com o seu trabalho como médico. O Asilo por ele fundado guarda alguns dos seus terríveis segredos, e mesmo após a sua morte é o gatilho da história principal, que acontece décadas depois.
     Ao longo da trama, vemos que apesar de herói e força a serviço de um bem maior, Batman quase se perde ao longo da história, tendo sido vítima também de um trauma que o fez se "transformar" em um ser da noite, começa a se "identificar" com os pacientes do Asilo, sendo ele mesmo já consciente de sua própria "loucura" (muitas aspas, heim filho).
     Em um desfecho interessante, vemos até onde o filho favorito de Gotham está disposto a chegar para resolver a situação, jogando novamente na loucura um de seus já quase curados inimigos.
Dois lados de uma mesma moeda?!
     A arte é bem sinestética, com Dave Mckean transformando a revista inteira quase numa alucinação com traços errantes e por vezes um cenário quase inexistente. Não vejo de forma alguma estilo mais apropriado para uma temática tão complicada. Acredito que podem até tentar, mas jamais vão conseguir fazer novamente um Coringa tão aterorizante, nem tão visivelmente insano quanto o mostrado através do traço deste artista.
To com medo, papai...
     Tão insano que protagoniza uma cena que jamais pensei ver desenhada, aonde logo no começo o Palhaço do Crime tem a coragem de apalpar os glúteos do Morcego. Sim, você leu certo ( ͡° ͜ʖ ͡°).
Andou malhando?
     Batman, da mesma forma é retratado como uma figura extremamente sombria, literalmente quase uma sombra. Na maior parte dos desenhos, vemos apenas uma silhueta de sua forma icônica e até os balões utilizados para retratar as falas de cada um dos personagens é mostrada diferentemente, acentuando ainda mais a caracterização dos mesmos.
     Confesso que quando ouvi dizer que iriam fazer um jogo do Morcego cruzei os dedos para que fosse utilizado este roteiro, mesmo sabendo que o lançado é bombagarai, tinha esperança de que esta singela história pudesse encontrar o seu caminho através de outra mídias. Não custaria a DC fazer com que entre as suas recentes ótimas animações pudesse figurar mais esta, talvez como um thriller psicológico animado. Acredito piamente que em suas fileiras tenham artistas mais do que competentes para tal.
     E enfim, ao fim da história, somos lembrados da reticente relatividade que é a sanidade e que a lógica que rege as mentes loucas (para elas) é a válida e que para os internos dos hospício, o Asilo fica é do lado de fora...
Aquele sincero e profundo frio na espinha...
     Mais uma vez me despeço, e se alguns dos que se aventuram a ler o nosso blog quiserem podem deixar aí nos comentários sugestões ou pedidos para que possamos falar aqui. Lembrando que nós aqui do blog somos todos pessoas ocupadas, trabalhadoras, e responshehe... , hahashuaehasuhahahahaha... Desculpem, não aguentei, agora é sério, hehehe. Na medida do possível estaremos estando atualizando a página, e caso os senhores tenham sugestões, basta deixar nos comentários :), é de grátis.

Permaneçam "sãos" e até a próxima,
Câmbio e Desligo