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segunda-feira, 14 de março de 2016

Tirando a poeira da estante - Daytripper: As várias mortes de uma vida

Senhores!

     De volta do abismo, estou aqui hoje para falar de uma obra relativamente recente e de qualidade excelente, de procedência nacional dos autores Fábio Moon e Gabriel Bá, "Daytripper". Tendo sofrido perdas recentes na família, acabei olhando de novo na minha estante para ver a dita obra, da qual me lembrei por ter relação com o tema (mania velha do autor deste texto, de repassar as obras já lidas em busca de um pouco de conforto para as situações da vida). Confesso que este texto está cozinhando nos rascunhos do nosso querido Blogger desde dezembro, mas como reitero aos senhores poeticamente todas as vezes em que costuro um texto: "TÁ FODA".
    A revista trata das desventuras de Brás de Oliva Domingos, filho de pai escritor e que luta nas trincheiras do jornalismo a batalha inglória de trabalhar os obituários do seu jornal empregador ao mesmo tempo em que é levado a (tentar) trilhar o caminho de sucesso do pai. Logo nas primeiras páginas somos introduzidos ao peculiar modelo da história, que de tempos em tempos "mata" o seu protagonista durantes os eventos trágicos que se apresentam, somente para nas próximas páginas retornarmos a sua história efetuando um desvio nos eventos de suas mortes, alterando no meio do caminho as decisões e eventos que o levaram embora em prol da continuidade desta grande história.
Infância
     O peso talvez filosófico deste conto é trazer ao leitor, sempre que o protagonista se vai uma pequena pergunta: e se? E se ele não tivesse se apaixonado, se ele não tivesse resolvido se mudar, se ele não tivesse aceitado aquele emprego. A vida é sempre uma sequência de fatos dos quais raramente temos controle, tal qual corredeira na qual descemos seguindo a força das águas que nos empurram, e o único controle que temos é um pequeno leme que nos proporciona uma mínima direção para que não quebremos nossa pequena embarcação, e o que nos é sugerido durante a leitura são as possibilidades oriundas destas pequenas escolhas, mostrando que pequenas correções de curso podem sim, fazer uma grande diferença (ou não).
Juventude
     Brás então segue sua vida, da infância como o "Milagrinho" de seus pais, para crescer e descobrir que o sangue de escritor corre na família, e que estará ao longo de seus anos de vida correndo sempre atrás do fantasma de seu pai, que mesmo quando já falecido sempre entra na história para lembra-lo de que as vidas que nos marcam sempre nos seguem após a morte. Tal conflito se segue, desde pequeno, quando o pai tão mergulhado em suas funções editoriais se faz ausente, passando pelas dores da adolescência e juventude tentando descobrir-se até a vida adulta.
Adultez
     Em tempo de sua própria viagem, Brás nos brinda com seus pensamentos finais, compondo um epitáfio de sonhador ao final da história para nos mostrar como as possíveis tragédias de sua vida culminam em um ser humano que viveu e sentiu e passou adiante seu legado.
Velhice
     Dos dois somente Bá já me era conhecido anteriormente de nome, quando dei uma lida rápida no impressionante "Umbrella Academy" (falaremos deste depois...), mas fiquei impressionado do Moon já ter feito um material, no caso uma HQ, relacionado ao EXCELENTE seriado "Firefly" (quem não tiver assistido, pode fazer um favor ao seu lado nerd e assistir, quem já viu vai saber do que estou falando), depois de Doctor Who, acho que deve ser um dos mais divertidos que já assisti nos últimos anos. Depois de reler esta obra, acho que vale uma pesquisa melhor sobre outros materiais destes autores, e fico aqui com a vontade de mandar aquele e-mail pro editor das Graphics MSP pra ver este traço na coleção, que já é um espetáculo, mas não custa sonhar (quer saber, vou lá depois de postar isso daqui mandar um twitter pro Sidão).
     Arte e roteiro de qualidade inegável, este é o tipo de revista que me deixa orgulhoso da nossa indústria nacional, e ter vontade de ver mais quadrinhos nacionais nas livrarias do nosso Brasil. Continuem assim, rapaziada, meus bolsos dizem não, mas meus lábios dizem sim!
Um último sonho
P.S.: A nós que ficamos e pensamos sempre na continuidade da vida após uma perda é quase inevitável a dita pergunta, a tão sonhada possibilidade da reparação da perda e a fatal porém confortante constatação de que a vida por si só, (independente da sua crença de criação) é um milagre, e que mesmo que acabe ou quando acabe é algo a ser celebrado e lembrado com o merecido carinho e respeito pela obra dos que não puderam mais estar conosco.

"Nenhum livro é completo sem o fim. E quando você chega lá... Somente quando lê as últimas palavras... é que você vê como o livro é bom."
Brás de Oliva Domingos, um sonhador.



domingo, 31 de janeiro de 2016

Fábulas

E se as fábulas que conhecemos fossem obrigadas a vir para o nosso mundo?
Fábulas - Volume 1 (06/2012)

E se alguém te contasse que o “Principe Encantado” não era tão legal assim? Que a Branca de Neve é uma bem-sucedida administradora de uma cidade onde o Xerife é ninguém menos que o “Lobo Mau”? E que as fábulas que conhecemos hoje moram em um bairro de Nova York?
Esse é o universo construído por Bill Willingham ao longo de Fábulas. Trata-se de uma série divertida e inovadora (surgida MUITO antes de Once Upon a Time), lançada em tempos idos pela Devir e relançada em encadernados pela Panini. Como eu quase não gosto de alimentar confusões, digo logo que o próprio autor da serie em quadrinhos diz que não houve plágio por parte da série de TV... (http://omelete.uol.com.br/quadrinhos/noticia/once-upon-time-x-fabulas-escritor-da-hq-diz-que-nao-ve-plagio-no-seriado/)
Depois de ouvir como sugestão de um amigo, aproveitei o relançamento desses encadernados e consegui comprar a número 1. Rapaz... que revista excelente!!!!!! Com desenhos muito bem feitos e com uma história cheia de reviravoltas e intrigas, Willingham vai construindo um universo onde vemos nossas tão conhecidas fábulas transformarem-se em realidade em plena Nova York.
E, um ponto excelente dessa obra é que, a medida em que os personagens vão sendo introduzidos na história, podemos observar que eles são bons, maus manipuladores, engraçados... E que, aquilo que sabemos deles das fábulas é apenas parte de suas histórias...
Nas páginas da Panini, Fábulas está em seu penúltimo capítulo (do qual não vou dar spoilers), além de uma série de Spin-offs bastante interessantes, como a série João das Fábulas (aquele do pé de feijão...).
Spin-Off - João das Fábulas
A série trata de explicar como as fábulas vieram parar em New York, como conviver com seus poderes no meio dos Mundanos (assim são chamados aqueles que não são fábulas), e sua busca para voltar para casa, as chamadas Terras Natais. Para tanto, ao longo de cada revista, revistamos grandes personagens, como Os Três Porquinhos, O Príncipe Encantado (que não parece ser exatamente aquilo que foi imaginado nas histórias...), Simbad, Branca de Neve, Cinderela, João e Maria, Pinóquio e Gepeto, entre outras dezenas de fábulas mais ou menos conhecidas por cada um de nós.
Branca de Neve e o Lobo Mau
E, além de lutar para voltar para casa, ainda devem encarar disputas entre as próprias fábulas (afinal, se são reais, tem opiniões diferentes, brigam e se divertem, não necessariamente tudo ao mesmo tempo...) e com outros inimigos menos conhecidos.
Resumindo um pouco, temos várias fábulas recontadas de uma maneira contemporânea e extremamente divertida.
Como o relançamento da série está acabando (no volume 22), acho que vale a pena correr atrás dos outros encadernados. Muito boa leitura!
Edição 21 (08/2015)  Quando saí a 22???????

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Tirando a poeira da Estante - Batman: Asilo Arkham

     Houve um tempo em que eu era leitor assíduo de sites, blogs de notícias (e scans, AHOY! lobo do mar! Gancho na mão e tapa olho na cara) e acompanhava religiosamente todas as notícias dos meus personagens favoritos. No entanto em uma pequena viagem a um sebo muito conhecido, acredito de todos os meus companheiros moradores da Asa Norte de Brasília, encontro uma pequena pérola chamada "Batman: Asilo Arkham". A capa bagunçada e cheia de recortes estranhos me fez duvidar de que aquilo era um gibi do Batman, mas estava escrito na capa então resolvi acreditar mesmo com o danado dentro de sua gaiola plástica na estante do sebo. Achei estranho nunca ter me esbarrado com uma capa tão distinta, e apesar de minha memória fraca e falha achei que se tivesse visto antes iria me lembrar.
Surrado e intrigante
     Quando li pela primeira vez, mandei um alto e sonoro PUTAQUEOPARIU, e voltei na capa somente para perceber do que se tratava o título "Uma séria casa num sério mundo" bem estampado e ainda assim escondido no meio da bagunça que é essa arte maravilhosa.
     Sempre vi as histórias do Batman (pelo menos as que considero melhores) como um ode á loucura, opinião já batida aí por milhões de leitores e fãs e que em minha humilde análise de merda é completamente corroborada por esta citada obra.
     Na trama, deu a louca na turminha do asilo e os detentos resolvem aprontar altas confusões na Sessão da Tarde, sequestrando toda a folha de pagamento da instituição que, pasmem, estão sendo mantidos vivos apenas pela benevolência e controle do Coringa sob os outros alucinados lá internados, em um bom roteiro que é cortesia do grande Grant Morrison.
     O Cavaleiro das Trevas é então chamado para resolver a situação (porque o Batman não tenta, o Batman faz), mas já sabendo que é esperado pelos vilões que requerem sua presença após (como era de se esperar) fazer várias e absurdas requisições à polícia. O herói vai então sozinho ao Asilo para se debater com a nata do seu Hall de inimigos, já devidamente preparados para a sua chegada. Na minha última leitura percebi que um dos seus pontos fortes da obra é a análise de cada um deles, mostrando o que passam durante o seu tratamento e detalhes intrigantes sobre as suas falhas de caráter e doenças mentais sob a luz de um dos psicólogos responsáveis pelos seus tratamentos.
     Em paralelo às desventuras do embate entre o bem e o mal, somos também apresentados ao fundador da Instituição Amadeus Arkham, em sua jornada de psicólogo bem sucedido até o final trágico como paciente de seu próprio Asilo após a perda de sua família de um modo brutal, tendo relação direta com o seu trabalho como médico. O Asilo por ele fundado guarda alguns dos seus terríveis segredos, e mesmo após a sua morte é o gatilho da história principal, que acontece décadas depois.
     Ao longo da trama, vemos que apesar de herói e força a serviço de um bem maior, Batman quase se perde ao longo da história, tendo sido vítima também de um trauma que o fez se "transformar" em um ser da noite, começa a se "identificar" com os pacientes do Asilo, sendo ele mesmo já consciente de sua própria "loucura" (muitas aspas, heim filho).
     Em um desfecho interessante, vemos até onde o filho favorito de Gotham está disposto a chegar para resolver a situação, jogando novamente na loucura um de seus já quase curados inimigos.
Dois lados de uma mesma moeda?!
     A arte é bem sinestética, com Dave Mckean transformando a revista inteira quase numa alucinação com traços errantes e por vezes um cenário quase inexistente. Não vejo de forma alguma estilo mais apropriado para uma temática tão complicada. Acredito que podem até tentar, mas jamais vão conseguir fazer novamente um Coringa tão aterorizante, nem tão visivelmente insano quanto o mostrado através do traço deste artista.
To com medo, papai...
     Tão insano que protagoniza uma cena que jamais pensei ver desenhada, aonde logo no começo o Palhaço do Crime tem a coragem de apalpar os glúteos do Morcego. Sim, você leu certo ( ͡° ͜ʖ ͡°).
Andou malhando?
     Batman, da mesma forma é retratado como uma figura extremamente sombria, literalmente quase uma sombra. Na maior parte dos desenhos, vemos apenas uma silhueta de sua forma icônica e até os balões utilizados para retratar as falas de cada um dos personagens é mostrada diferentemente, acentuando ainda mais a caracterização dos mesmos.
     Confesso que quando ouvi dizer que iriam fazer um jogo do Morcego cruzei os dedos para que fosse utilizado este roteiro, mesmo sabendo que o lançado é bombagarai, tinha esperança de que esta singela história pudesse encontrar o seu caminho através de outra mídias. Não custaria a DC fazer com que entre as suas recentes ótimas animações pudesse figurar mais esta, talvez como um thriller psicológico animado. Acredito piamente que em suas fileiras tenham artistas mais do que competentes para tal.
     E enfim, ao fim da história, somos lembrados da reticente relatividade que é a sanidade e que a lógica que rege as mentes loucas (para elas) é a válida e que para os internos dos hospício, o Asilo fica é do lado de fora...
Aquele sincero e profundo frio na espinha...
     Mais uma vez me despeço, e se alguns dos que se aventuram a ler o nosso blog quiserem podem deixar aí nos comentários sugestões ou pedidos para que possamos falar aqui. Lembrando que nós aqui do blog somos todos pessoas ocupadas, trabalhadoras, e responshehe... , hahashuaehasuhahahahaha... Desculpem, não aguentei, agora é sério, hehehe. Na medida do possível estaremos estando atualizando a página, e caso os senhores tenham sugestões, basta deixar nos comentários :), é de grátis.

Permaneçam "sãos" e até a próxima,
Câmbio e Desligo

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Tirando a poeira da estante - Marvels

Marvels, free as a bird (música na cabeça agora ON)

Senhores!

     Deixei juntar poeira de novo, porém em tempos de extrema falta de tempo como estou, atarefado até o pescoço faço o que toda pessoa sã faria: dar uma parada e escrever no blog que não é obrigação com a produtividade mas é com a minha sanidade.
    Volto aqui hoje com a prometida conversa sobre a obra intitulada "MARVELS", do fantástico trio: Kurt Busiek na bateria (brincadeira, no roteiro), Alex "the man" Ross no desenho e edição de Marcus McLaurin que deixa em cada pagina a certeza de ser uma equipe de extrema competência.
      Li tem tempo, um pouco após entrar na faculdade entre uma lapada ou outra dos estudos, porém a edição original é de 1994, dois anos antes da outra obra, esta mais conhecida de Ross: "Kingdom Come" pela DC, igualmente foda, porém essa fica para outra ocasião mas fica a promessa de entrar também na fila da sessão.
     Não preciso dizer da arte deste senhor, da qual sou fã já confesso nesta coluna e que novamente impressiona cada vez que abro as páginas de suas obras e vejo o realismo com que são retratados os heróis e seus colantes, dando ainda mais credibilidade a qualquer história por ele ilustrada.
     Roteiro também caprichado, Busiek nos traz uma história que se estende por várias décadas, acompanhando a trajetória de Phil Sheldon, um fotógrafo de Nova York que em início de carreira vê sua vida transformada com a aparição das "maravilhas", nome dado por ele mesmo aos superseres que são agora parte do seu cotidiano. A primeira maravilha que cruza o seu caminho é o "Tocha Humana", que para a minha surpresa em leitura inicial, nada tem a ver com a sua contraparte mais conhecida do Quarteto (uma pequena observação: Que filme lixo, putaqueopariu), e que na realidade é um andróide. Criado pelo cientista Phineas Horton, causa comoção e indignação quando mostrado à sociedade, trazendo de cara não emoção, insipiração e maravilhamento, mas sim medo de uma criatura que a mente humana ainda não conseguia, e por muito tempo ainda não conseguiria, compreender.

Tá errado esse negócio ae
     Ross sempre foi um artista ligado nos detalhes, e nos deixa em várias páginas alguns easter eggs divertidos, como por exemplo na imagem dos jornalistas acima a visão de um trio bem conhecido da DC Comics (passe o olho mais atentamente para ver Clark, Lois e Jimmy).
     O primeiro volume cobre uma parte da vida do Jovem Phil, deixando bem claro que será ele quem irá conduzir a história e que passaremos toda a jornada enxergando através de seu olho de fotógrafo. Sua vida entrelaçada com as maravilhas e feitos das caras mais conhecidas do mundo Marvel, sempre mostrando algo que não vemos nas grandes sagas já mostrados nos quadrinhos. Acredito ser esta visão que mexa mais com o leitor, quando entre enchentes e invasões alienígenas não vemos o herói que voa mostrando os seus poderes e tirando as pessoas de perto dos perigos, mas sim a do homem que está abaixo do céu, admirando e testemunhando batalhas das quais não poderá nunca fazer parte a não ser no papel de vítima. A grande inovação deste título, é fazer dos heróis antes protagonistas, agora coadjuvantes.
    Após a primeira aparição do Tocha Humana, vamos sendo apresentados aos vários heróis das eras antigas da Marvel, como Namor, Capitão América e amigos (alguns vingadores que se fossem mostrados aos jovens de hoje, acredito não conseguirem tanto reconhecimento), e em meio a aspirações de Phil de se tornar um fotógrafo de Guerra, vemos a sua relutância em deixar um local aonde tantas coisas incríveis acontecem. Tudo isso tem grande impacto em sua vida tanto pessoal como profissional, e não só para nosso protagonista mas também para todos a sua volta, como a namorada com quem pretende se casar, e o conflito de saber que sendo apenas um passageiro da história não poderá garantir a proteção de sua futura família.
Cria vergonha nessa sua cara, moleque..
     Os volumes se passam e Phil continua sua carreira como fotógrafo das Maravilhas, agora completamente embrenhadas na sociedade, prestando o serviço honroso de retratar os feitos dos Heróis, mas deixando sempre um olho atento às consequências das batalhas e catástrofes das quais participam. Em seu caminho vários personagens são mostrados, como o "bostinha" do Peter Parker (na minha edição, se me lembro bem era esse o adjetivo usado), Jonah J. Jameson, amigo próximo de Phil e retratado como o Barulhento editor, mas também como jornalista incansável e fiel aos princípios de verdade da profissão (a mesma visão dada em algumas edições pelos roteiristas do Demolidor), pelo menos em alguns momentos, visto que J.J. tem a visão oposta de Phil em relação as "maravilhas".
Os dois lados de uma mesma moeda
     Particularmente, uma parte que sempre me pega são suas interações com os mutantes, como sempre uma metáfora ao racismo, emulando na sociedade o medo inicial dos heróis juntamente com o preconceito, mas multiplicados pela perspectiva cruel e fatalista da substituição da Humanidade pela raça que alcançou o próximo estágio da evolução natural (ou nem tanto, já que são os "filhos do átomo"), que em verdade é visto e vivido por Phil tanto do lado dos mutantes quanto do lado da massa preconceituosa, talvez elucidando o leitor quanto a verdadeira função de um observador que é avaliar a história de ambos os pontos de vista. 
Os Marvetes tudo chora...
     Fãs do aranha, que aparece em alguns momentos, irão gostar da visão mais próxima de Gwen Stacy por Phil, que transparece a indignação talvez emprestada dos fãs direcionada ao evento de sua morte. Um pequeno adiantamento do futuro de Phil, pra quem quiser ler, aqui. Só pra constar mesmo, visto que eu particularmente acredito que em poucas ocasiões valha a pena liberar spoilers.
E assim se segue a história, também um apanhado de todos os eventos mais importantes do Universo Marvel (até a data), talvez uma celebração de tantos anos de bons contos de já sagrados personagens e visto como anda a industria de quadrinhos hoje, em meio a reboots a e guerras civis possa servir também como memorial de épocas em que a dita indústria maravilhava de formas mais simples e talvez até mais filosoficas, pois em meio as poucas procuras feitas por este que vos escreve de títulos semelhantes, não encontro mais obras deste calibre, ao menos pelas editoras que dominam o mercado (estou de olho em vocês, Marvel e Dc). Estando eu errado, lembro que a seção de comentários é sempre aberta e que estamos ávidos pelas palavras de retorno de nossos poucos porém (acredito eu) fiéis leitores.

Um pequeno anexo:
a arte de Ross com as referências que ele utiliza para os seus fantásticos quadrinhos, e aqui um pequeno apanhado dos artistas que usou já como referência:
Voando na mesinha de centro. Quem nunca?
Já dançou com o demônio sob a pálida luz do luar?

Fechamos então.

A vida chama, vamos embora que é segunda e o pão de cada dia não se ganha sozinho.

Uma semana curta e próspera para todos,
até a próxima, que espero ser breve


Pra quem quiser comprar:
Amazon (Malditos dólares)

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Tirando a Poeira da Estante - Parte 1



Senhores!

     Eis que volto aqui com mais um texto sem sentido, porém feito com todo o esmero de um trabalhador entediado que chegou em casa e tal qual o título resolveu tirar a poeira da estante. Como a crise anda brava, resolvi não estabelecer metas (nem cair na piada pronta) e tentar trazer um pouco do que tenho em mãos já que estou em falta ($$$) com o material mais novo.
      Se possível tentarei fazer deste texto uma pequena seção do Blog (com o aval dos companheiros de armas, que estarão sendo avisados no exato momento em que lerem este texto) e me dedicar a este material que compôs uma etapa importante de minha vida, durante a doença que é a adolescência e parte da adultez (que demora, mas sempre chega).
      Brindo aos leitores uma pequena mini-série que me marcou bastante como uma das visões mais criativas que já vi do maior de todos, o único e inegável real Super-Herói no qual todos pensam quando ouvem o termo desde os idos da saudosa era de Prata dos Quadrinhos: Kal-El, vulgo Clark Kent, vulgo Super-Homem (que nesta versão na realidade não é um alienígena) nas quatro edições de "Superman: identidade secreta".

4 edições e capa com um certo grau de spoilers

      Umas das histórias mais sóbrias que já li do personagem até a data, sendo já de uma certa idade e tem como ponto central a humanidade de um personagem, que mesmo sendo do planeta terra, ainda assim se sente como um alienígena. Começamos acompanhando o jovem Clark Kent (sem surpresas até aqui), que sendo da família Kent do Kansas recebeu o nome de Clark em um universo aonde o dono fictício do personagem esboça a mesma fama do universo real, quase uma piada (no Brasil conhecemos bem esta prática) e que por esse motivo sofre várias piadas da família, bullying na escola e tudo o que um nome "famoso" traria a uma pessoa comum. A ponto de virada da primeira edição é a descoberta de que o garoto normal realmente possui os poderes do personagem, dando início a uma reflexão de sua parte de como lidar com esta situação, falar ou não aos pais, colegas, amigos e o mundo todo para conseguir fama e fortuna, ou talvez o mais importante, um lugar ao sol sendo visto não só como uma pessoa com nome diferente ou problemas de integração social. E assim está dada aqui a explicação do título da revista, que segue a cada edição acompanhando uma etapa diferente da vida do jovem que ao crescer descobre que seu dilema está apenas começando.
     O mais incrível na minha humilde opinião fecal sobre esta história é a humanização de um personagem que tem poderes quase divinos, trazendo-o ao nível de pessoa e mostrando que mesmo tendo poderes incríveis o personagem ainda sofre para ser aceito do modo como é, dando valor a sua real identidade em detrimento a do herói que no início tanto relutou em ser.
      Ao crescer, o menino se torna um jornalista com veia de escritor (cujo talento pode ser visto desde o começo da história, em sua relação com a velha máquina de escrever), carreira que abraça definitivamente e que traz certa poesia à história.
       Na segunda edição conhecemos a nossa Lois e as últimas duas edições trazem o dilema da família que começa e os filhos que trazem dúvidas (se puxaram ao pai, ou se devem ou não conhecer o seu segredo) e por fim mas não menos importante a etapa final da vida de todos que é a velhice e o que deixamos para trás, surpreendendo (ou não) sobre qual é o legado mais importante na vida de uma pessoa e o que é realmente o valor que deixamos em vida.

Voa, passarinho, voa

      Escrita por Kurt Busiek e ilustrada por Stuart Immonen, tanto o traço como o roteiro são bons, mas sempre me prendo mais a arte, para a qual bato palmas todas as vezes em que releio a peça e que dá o tom mais "realista" a história, sem cores excessivas nem personagens com feições exageradas (mas que conseguem transmitira a  emoção sem perdas).

Rumo a um eterno por-do-sol

      Enfim, se por todo o texto deixo a sensação de parcialidade é porque realmente mesmo que não se goste da história acredito ser inegável a visão renovada que esta deixa ao personagem e o valor de reflexão sobre o crescer como um todo, sendo o tipo de história que me faz até hoje remexer na minha velha e empoeirada estante.