segunda-feira, 31 de agosto de 2015
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
Sobre Adultos e HQs
Existem sempre aquelas épocas mais saudosas de nossa infâncias, aonde as lembranças mais marcantes das nossas rotinas e nossos gostos se afloram sempre que nos recordamos deste período quando tudo era (um pouco) mais fácil, nossas preocupações eram menores e o que tínhamos de mais valioso muitas vezes cabia dentro de uma caixa de sapatos. Muitas vezes dentro destas caixas, dentre trocas e vendas se encontravam aqueles pequenos livros de papel, surrados e maltrapilhos, já gastos de tantas boas lembranças passadas a minha geração. Foram muitas as revistas que passaram pela minha meninice, vários personagens que até hoje considero obras-primas, não só pela adição ao entretenimento de minha versão mais jovial mas também pelo sucesso que faziam entre os meus pares, amigos e familiares.
Dentucinha e sabichona
Turma da mônica em primeiro lugar, Revistas da Disney e algumas satélites eram as melhores de todas, mas eram as que puxavam para novas leituras, sendo sempre as mais lidas apesar de parecer haver uma certa polaridade dependendo da região, dentre os conhecidos com quem o assunto já esteve em pauta.
Não, Não tem o Bátema nem o Superómi
Eis que crescemos (ao menos em idade) e os gostos mudam (evito dizer evoluir por motivos que espero serem óbvios) e continuamos em busca deste material fantástico, mas agora com mais ação, filosofia (e claro, talvez alguns peitinhos) que são coisas que interessam a uma mente que agora tem que se preocupar com espinhas. Partimos então para os Supers: Marvel vs DC numa briga que se hoje ainda é férrea, na época deste humilde escritor já polarizava opiniões nas rodas de discussões, aonde aquele amigo que dizia que o Batman era da Marvel era sempre devidamente zoado, e chegava em casa para fazer a lição de casa com o gibi enfiado dentro do livro da escola e aprender não as matérias, mas o personagem (Quem nunca? Peço aos leitores que por favor me deixem nos comentários a sua confissão e me provem que eu não era o único adepto desta vil prática).
Hoje em dia, ainda tento acompanhar algumas coisas deste mundo que me é tão caro (em ambos os sentidos) e acredito que sua maior contribuição à minha persona foi a de ter me inserido no mundo da leitura, ao qual poucos se aventuravam da minha época de criança, seja por falta de interesse na atividade ou por vergonha da opinião formada por seus pares de que "isso é coisa de nerd", mal sabendo da grandeza do mundo que estariam se privando. Pareço descobrir que muitos partilham destas opiniões ainda hoje, em plena época do politicamente correto aonde o título lido já é suficiente para a formação da opinião sobre o artigo completo.
Sorriso Colgate
O meu ponto, antes de me arrastar por demais na questão errada é que existem pessoas que acreditam que gibis ou revistinhas são coisas de criança. Não digo que estejam completamente errados, mas ao mesmo tempo em que são meios de nos fazer entrar em contato com a criança que (com esperança) não deixamos para trás, também é um meio de crescer, de entrar em contato com assuntos mais sérios em histórias que rivalizam grandes obras da literatura. Desafio aqui alguém a ler um batido mas ótimo exemplo do tema e com certeza uma HQ que me fez ver um super herói de maneira incrivelmente séria: "A piada mortal", de Alan Moore que demonstra o surgimento do Coringa em uma história que acredito não ser considerada cânone mas que com certeza traz a tona um possível passado do atormentado personagem e que é uma tentativa do mesmo de explicar através da imposição de um trauma análogo ao seu, como uma pessoa pode se tornar insana. Tema sinistro e com certeza apresentado de forma apropriada, fazendo muitos olharem de forma torta ao Joker do Batman das épocas de Adam West.
Não é para crianças
Aos que se interessarem sempre existem vários exemplos análogos, histórias com calibre adulto e muito bem trabalhadas e feitas especialmente para o público do gênero. O da imagem aqui de cima, intitulado "Visões de 2020" é um exemplo exemplar (ba dum tss) de uma HQ que tivesse lido eu em tempos menos recentes estaria imediatamente fora do meu radar. No entanto é um selo que não sei bem se ainda está em vigor mas que quando li achei digna de estar na minha memória. Como são várias histórias não tenho como falar de todas e deixo ao encargo do leitor ir atrás e julgar por si só, visto que meu papel aqui é só passar adiante uma humilde opinião e informação.
No mundo dos heróis propriamente ditos, temos também MARVELS, à qual voltarei um dia quando for novamente tirar a poeira da estante mas que posso adiantar uma pequena sinopse: A história gira em torno dos espectadores, pessoas de vida comum que convivem diariamente com os feitos heróicos dos super-heróis do universo Marvel. O personagem principal é um fotógrafo que desde novo é incumbido de noticiar as massas da vida e obra dos heróis, mostrando o que não vemos nas clássicas HQs, o momento após a luta, os estragos, e como a sociedade reage as épicas batalhas daqueles que parecem ser Deuses caminhando entre mortais, sendo alvo ao mesmo tempo de veneração e preconceito das massas a quem um dia decidiram ter obrigação de proteger.
Nada menos do que um clássico
Detalhe para a belíssima arte de Alex Ross que, para quem tem curiosidade, usa como base para sua arte fotorealista fotos de seus amigos em posições heróicas em alguns frames (na minha edição existe um anexo mostrando algumas). Quem quiser saber mais sobre este mestre pode ler o seu verbete da Wikipedia, cheio de sucesso e com algumas fontes mais aqui.
Vários outros podem facilmente se encaixar nesta lista, como "Terra X" que se não me engano tem duas partes, "Sin City", "300" e "Hard Boiled" fruto da mente insana que parece ter se curado de Frank Miller (Não se fazem mais Frank Millers como antigamente), "Heavy Metal" faz tempo que não leio mas está aí pra quem quiser, "V de vingança" (leia a HQ e veja o filme, se possível) e "Watchmen" (leia a HQ e esqueça do filme, se possível) novamente Alan Moore fazendo o que faz de melhor que é dar nós em cabeças, autores como Neil Gaiman também possuem um acervo respeitável para várias idades, "Constantine" e "HellBlazer" das antigas sempre me divertiu bastante apesar de não ter lido o quanto gostaria, enfim, a lista é grande e só esses já poderiam provar um pouco deste ponto de vista aqui apresentado.
Não estamos mais no Kansas
Deixo aqui então este pequeno relato de um leitor, desde eras acompanhado dos balões e desenhos coloridos, histórias mirabolantes e ótimas memórias dos cobres suados porém bem gastos com este pedaço de cultura que alimenta sonhos e transforma homens não deixando que se esqueçam jamais da criança que um dia já foram e quem sabe passar adiante de forma prazeirosa esta pérola filosófica que é a leitura fantástica como forma de rejuvenescimento e exercício da criatividade, quem quiser deixar aí nos comentários qual é hoje, ou foi na sua infância, a sua HQ favorita será eternamente bem-vindo.
Por hoje já não podemos mais que estamos sem tempo, boa noite e fique agora com o Jornal Nacional,
câmbio e desligo.
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Vou deixar essa tag aqui pra ver se alguém nota
domingo, 23 de agosto de 2015
As falas do Chapolin Colorado, digo, as falas do Vitória.
A frase do famoso herói mexicano,
criado pelo mestre Roberto Bolaños, se encaixa perfeitamente ao Vitória na
rodada deste fim de semana do Campeonato brasileiro da Série B, vejamos.
Ao término da rodada passada, o
rubro-negro baiano já possuía dois desfalques certos, Fernando Miguel e Diogo
Matheus, além de duas dúvidas, Pedro Ken e Escudero. Pois bem, digo, pois mal
(salve, salve seu Françuel!) na sexta-feira, o xerife Guilherme Mattis sentiu
um desconforto muscular e não viajou com o grupo para a partida contra o
Sampaio Correa.
Com tantos desfalques, não seria
de se estranhar caso o jogo no Maranhão fosse complicado, já que o Sampaio vem
fazendo uma boa série B. Mas o que nenhum rubro-negro esperava é que o Vitória
entrasse em campo com a proposta de se defender mais no primeiro tempo,
poupando energia para atacar o Tubarão maranhense na etapa final da partida.
Muito menos que o Sampaio fizesse um gol numa bobeira da defesa do Leão e que o
time baiano passaria o segundo tempo todo pressionando o tricolor e não
conseguindo marcar. Sim, foi um segundo tempo daqueles que o torcedor fala “aí
pode jogar até amanhã, chutar sem goleiro e com a bola em cima da linha que não
sai gol”. Resultado final da partida: Sampaio 1x0 Vitória.
“Não contavam com minha astúcia?”
Com o triunfo do time maranhense
e o empate do Bahia, o tricolor do Maranhão assumiu a vaga do baiano no G-4 e o
Leão se manteve, momentaneamente, na primeira posição.
Restava à torcida do Vitória
torcer por um tropeço do Botafogo frente ao Paysandu, numa partida que
aconteceria no desumano horário marcado pelos cartolas. Sim, jogo às 11h no Rio
de Janeiro é fogo, literalmente.
“Meus movimentos são friamente
calculados”
Como era de se esperar, um jogo
às 11h no Rio de Janeiro, com a temperatura bem próxima do fim de tarde de
Belém, algo próximo aos 45°C na sobra, só poderia favorecer ao time do Norte.
Resultado, o Papão fez três gols, tomou dois e manteve o alvinegro carioca na
segunda colocação da série B.
Opa! Era pra ser o Chapolin Colorado... |
Agora é manter o foco, e usar com
destreza a nossa marreta biônica, para que ao final da 38° rodada, o Leão possa
usar a frase que considero mais famosa do herói: “Sigam-me os bons”.
Terça tem mais uma batalha, às
19h no santuário.
Vamos, vamos Negô!
Vai pra cima Leão!
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Tirando a Poeira da Estante - Parte 1
Eis que volto aqui com mais um texto sem sentido, porém feito com todo o esmero de um trabalhador entediado que chegou em casa e tal qual o título resolveu tirar a poeira da estante. Como a crise anda brava, resolvi não estabelecer metas (nem cair na piada pronta) e tentar trazer um pouco do que tenho em mãos já que estou em falta ($$$) com o material mais novo.
Se possível tentarei fazer deste texto uma pequena seção do Blog (com o aval dos companheiros de armas, que estarão sendo avisados no exato momento em que lerem este texto) e me dedicar a este material que compôs uma etapa importante de minha vida, durante a doença que é a adolescência e parte da adultez (que demora, mas sempre chega).
Brindo aos leitores uma pequena mini-série que me marcou bastante como uma das visões mais criativas que já vi do maior de todos, o único e inegável real Super-Herói no qual todos pensam quando ouvem o termo desde os idos da saudosa era de Prata dos Quadrinhos: Kal-El, vulgo Clark Kent, vulgo Super-Homem (que nesta versão na realidade não é um alienígena) nas quatro edições de "Superman: identidade secreta".
4 edições e capa com um certo grau de spoilers
Umas das histórias mais sóbrias que já li do personagem até a data, sendo já de uma certa idade e tem como ponto central a humanidade de um personagem, que mesmo sendo do planeta terra, ainda assim se sente como um alienígena. Começamos acompanhando o jovem Clark Kent (sem surpresas até aqui), que sendo da família Kent do Kansas recebeu o nome de Clark em um universo aonde o dono fictício do personagem esboça a mesma fama do universo real, quase uma piada (no Brasil conhecemos bem esta prática) e que por esse motivo sofre várias piadas da família, bullying na escola e tudo o que um nome "famoso" traria a uma pessoa comum. A ponto de virada da primeira edição é a descoberta de que o garoto normal realmente possui os poderes do personagem, dando início a uma reflexão de sua parte de como lidar com esta situação, falar ou não aos pais, colegas, amigos e o mundo todo para conseguir fama e fortuna, ou talvez o mais importante, um lugar ao sol sendo visto não só como uma pessoa com nome diferente ou problemas de integração social. E assim está dada aqui a explicação do título da revista, que segue a cada edição acompanhando uma etapa diferente da vida do jovem que ao crescer descobre que seu dilema está apenas começando.
O mais incrível na minha humilde opinião fecal sobre esta história é a humanização de um personagem que tem poderes quase divinos, trazendo-o ao nível de pessoa e mostrando que mesmo tendo poderes incríveis o personagem ainda sofre para ser aceito do modo como é, dando valor a sua real identidade em detrimento a do herói que no início tanto relutou em ser.
Ao crescer, o menino se torna um jornalista com veia de escritor (cujo talento pode ser visto desde o começo da história, em sua relação com a velha máquina de escrever), carreira que abraça definitivamente e que traz certa poesia à história.
Na segunda edição conhecemos a nossa Lois e as últimas duas edições trazem o dilema da família que começa e os filhos que trazem dúvidas (se puxaram ao pai, ou se devem ou não conhecer o seu segredo) e por fim mas não menos importante a etapa final da vida de todos que é a velhice e o que deixamos para trás, surpreendendo (ou não) sobre qual é o legado mais importante na vida de uma pessoa e o que é realmente o valor que deixamos em vida.
Voa, passarinho, voa
Escrita por Kurt Busiek e ilustrada por Stuart Immonen, tanto o traço como o roteiro são bons, mas sempre me prendo mais a arte, para a qual bato palmas todas as vezes em que releio a peça e que dá o tom mais "realista" a história, sem cores excessivas nem personagens com feições exageradas (mas que conseguem transmitira a emoção sem perdas).
Rumo a um eterno por-do-sol
Enfim, se por todo o texto deixo a sensação de parcialidade é porque realmente mesmo que não se goste da história acredito ser inegável a visão renovada que esta deixa ao personagem e o valor de reflexão sobre o crescer como um todo, sendo o tipo de história que me faz até hoje remexer na minha velha e empoeirada estante.
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