sábado, 26 de março de 2016

Transformando um belo início em uma (quase) tragédia Grega



Num jogo que se desenhava bem, com bela troca de passes, jogadores trocando posição e, pasmem, com Fernandinho fazendo a chegada como homem surpresa ao ataque, o Brasil abriu, de maneira fácil 2x0. E podia ter feito mais, dadas as fragilidades da zaga reserva do Uruguai.
Como somos eternos otimistas, começávamos: “Nossa, como esse time vai recuperar o futebol brasileiro”...
Até jogada ensaiada o Brasil mostrou, em uma cobrança de escanteio...
Aos 40s de jogo, 1x0, com bola belamente esticada por Daniel Alves para William, que limpou o marcador e cruzou para Douglas Costa, de ponta de chuteira.
Depois disso, Neymar perdeu bela chance, em jogada trabalhada de escanteio e chegamos aos 2x0 aos 25, em grande lançamento de Neymar para Renato Augusto, que fez uma finta de corpo e deixou Muslera sem “pai nem mãe” para fazer o segundo Gol (segundo Gol dele com a Amarelinha...).
Até então, nossos volantes saiam bem para o jogo e nossa zaga mostrava uma “leve” confiança. Criávamos espaço na fechada defesa do Uruguai e tínhamos chances, ainda que Neymar não atuasse na área, e sim voltando para buscar jogo...
Porém, como estávamos em Recife, onde paira até hoje o espirito NATIMORTO da batalha do Aflitos, nenhum jogo é ganho antes do final da peleja ou que sua mãe te chame para ir para casa que é hora do Almoço. O que vier primeiro.
E, aí veio o pecado. Ou a sequência de pecados. Um Uruguai dominado não é um Uruguai morto. E eles tinham Cavani e Suarez...
Em lançamento, típico de time que joga atrás, nossa zaga não acreditou na bola e, em falha coletiva e irritante da dupla “Luisz” do Brasil (David Luiz e Felipe Luis), o Uruguai chegou ao primeiro gol aos 39 do primeiro tempo. Lançamento, Sanchez cabeceia para trás (Filipe Luis, com o peso da alisada cabeleira a impedir sua saída do chão) e Cavani chega SOZINHO para diminuir, com David Luiz UMA HORA atrasado para pegar o trem daquele horário...
E vamos para o intervalo sob o signo da infâmia, sem saber o que a sorte nos traria no segundo tempo, já que o Dunga, COM CERTEZA, não traria nada...
Oscar Tabarez, do Uruguai, trocou um lento Cristian Rodriguez por Alvaro Gonzalez, visando fechar os espaços do primeiro tempo, além de reorganizar a marcação, colocando Cavani para travar as descidas de Daniel Alves.
E, assim como no primeiro tempo, tivemos um gol relâmpago no segundo. Já depois da primeira falha da zaga, em nova enfiada de bola, Suarez entra na área, pela diagonal somente com David Luiz em sua marcação. E, como esse é TRAUMATIZADO pela champions do ano passado (onde levou uma caneta que até hoje deve dar torcicolo...), nosso zagueiro que faz cover ruim de Valderrama NÃO divide a bola com Suarez e o uruguaio faz o segundo, em uma bola que ainda passou por baixo do Alisson, para completar a zica...
2x2 e um time bem perdido em campo.
Nesse momento, nossos volantes já não sabiam mais o nome de seus companheiros, Neymar e Douglas Costa continuavam a tocar melões um para o outro (não tem um passe que preste entre os dois, já viu isso?) e metade da população brasileira queria o Impeachment do David Luiz e a outra gritava pedindo pelo Golpe para tirá-lo pela força mesmo...
E, virou Suarez contra o Brasil. Enquanto esse fazia o que queria pra cima de nossa combalida zaga, Neymar e companhia ralavam para chegar em Muslera...
Entraram Philipe Coutinho, Ricardo Oliveira e Lucas Lima, no lugar de Fernandinho, Douglas Costa e William, respectivamente. E nada mudou...
Quer dizer... mudou. Em bola alçada no meio da área, David Luiz deu um PASSE de cabeça para Suarez sair na cara do gol de Alisson. E, naquele momento em que todos pensaram que a VACA já tinha ido para o brejo, o uruguaio consagrou o joelho de Alisson, ao chutar a bola contra sua perna e nos deixar felizes com o 2x2.
Terminamos o jogo com aquela ideia de que podia ter sido fácil se tivéssemos um técnico que soubesse O MÍNIMO do que está fazendo e se nossa zaga não fosse DENTE-DE-LEITE...
Ps: vale uma menção honrosa ao juizão da peleja. Um argentino sem noção, mais preocupado em conversar do que em dar cartões e que fez nossos juízes ruins ficarem com inveja. Ignorou um pênalti em David Luiz (acho que eu também ignoraria só porque era com ele) e deixou o CORO comer no segundo tempo, como se não houvesse amanhã...
Para o jogo contra o Paraguai, na terça, não teremos Neymar (Brasil jogando por uma bola nos pés de Ricardo Oliveira) e GRORIA A DEUS, David Luiz também não joga!!!!!!! Vamos ver o que nos espera em Assuncion...
Atuações:

  • Alisson – 7,0 (falhou no 2º gol, mas tem um joelho prá lá de sortudo...);
  • Daniel Alves – 6,0: Bom primeiro tempo, mas caiu no segundo, com a marcação de Cavani;
  • David Luiz – 3,0. Alguma vontade e nenhum senso de posicionamento ou cara de zagueiro (saudade do Aldair... Zagueiro tem que fazer cara feia!);
  • Miranda – 5,0. Ainda não me passa a segurança devida... tem crédito, mas talvez precise de alguém melhor ao lado;
  • Filipe Luis – 4,0: esse só deve estar na seleção porque é amigo de alguém. Como o Dunga pode ter birra com o Marcelo pra deixar esse cara jogar???
  • Luiz Gustavo – 5,0: Muita vontade e nenhuma saída de bola. Do sistema defensivo, talvez tenha sido o melhor, mas cometeu muitas faltas bobas.
  • Fernandinho – 6,0: se soubesse dominar a bola seria um craque.
  • William – 7,0: sempre bom no apoio, mas, como todo o time, sumiu no segundo tempo.
  • Renato Augusto – 8,0: o melhor em campo (do Brasil). O único que pensa o jogo, distribui e se posiciona pra receber. Ainda fez um gol que entristeceu a FAMILIA Muslera.
  • Douglas Costa – 7,0: mais uma vez, marcando e com muita força. Falta aprender a tocar a bola para o Neymar;
  • Neymar - 5,0: Me dá uma impressão de estar deslocado de posição. Ter que armar as jogadas, como um camisa 10 não é a dele. Tem que jogar mais perto da área, e não vir do meio carregando a bola. E, quando as coisas não vão bem, se mostra incomodado e irritado. E isso o suspende do terceiro jogo em 6 das eliminatórias...
  • Dunga – 4,0: e essa nota é só pelo primeiro tempo. Sua insistência com David Luiz e a birra com Marcelo estão cobrando seu preço. Além disso, não sabe mudar o jogo e pensar em alternativas...



segunda-feira, 14 de março de 2016

Habemus Twitter

Tirando a poeira da estante - Daytripper: As várias mortes de uma vida

Senhores!

     De volta do abismo, estou aqui hoje para falar de uma obra relativamente recente e de qualidade excelente, de procedência nacional dos autores Fábio Moon e Gabriel Bá, "Daytripper". Tendo sofrido perdas recentes na família, acabei olhando de novo na minha estante para ver a dita obra, da qual me lembrei por ter relação com o tema (mania velha do autor deste texto, de repassar as obras já lidas em busca de um pouco de conforto para as situações da vida). Confesso que este texto está cozinhando nos rascunhos do nosso querido Blogger desde dezembro, mas como reitero aos senhores poeticamente todas as vezes em que costuro um texto: "TÁ FODA".
    A revista trata das desventuras de Brás de Oliva Domingos, filho de pai escritor e que luta nas trincheiras do jornalismo a batalha inglória de trabalhar os obituários do seu jornal empregador ao mesmo tempo em que é levado a (tentar) trilhar o caminho de sucesso do pai. Logo nas primeiras páginas somos introduzidos ao peculiar modelo da história, que de tempos em tempos "mata" o seu protagonista durantes os eventos trágicos que se apresentam, somente para nas próximas páginas retornarmos a sua história efetuando um desvio nos eventos de suas mortes, alterando no meio do caminho as decisões e eventos que o levaram embora em prol da continuidade desta grande história.
Infância
     O peso talvez filosófico deste conto é trazer ao leitor, sempre que o protagonista se vai uma pequena pergunta: e se? E se ele não tivesse se apaixonado, se ele não tivesse resolvido se mudar, se ele não tivesse aceitado aquele emprego. A vida é sempre uma sequência de fatos dos quais raramente temos controle, tal qual corredeira na qual descemos seguindo a força das águas que nos empurram, e o único controle que temos é um pequeno leme que nos proporciona uma mínima direção para que não quebremos nossa pequena embarcação, e o que nos é sugerido durante a leitura são as possibilidades oriundas destas pequenas escolhas, mostrando que pequenas correções de curso podem sim, fazer uma grande diferença (ou não).
Juventude
     Brás então segue sua vida, da infância como o "Milagrinho" de seus pais, para crescer e descobrir que o sangue de escritor corre na família, e que estará ao longo de seus anos de vida correndo sempre atrás do fantasma de seu pai, que mesmo quando já falecido sempre entra na história para lembra-lo de que as vidas que nos marcam sempre nos seguem após a morte. Tal conflito se segue, desde pequeno, quando o pai tão mergulhado em suas funções editoriais se faz ausente, passando pelas dores da adolescência e juventude tentando descobrir-se até a vida adulta.
Adultez
     Em tempo de sua própria viagem, Brás nos brinda com seus pensamentos finais, compondo um epitáfio de sonhador ao final da história para nos mostrar como as possíveis tragédias de sua vida culminam em um ser humano que viveu e sentiu e passou adiante seu legado.
Velhice
     Dos dois somente Bá já me era conhecido anteriormente de nome, quando dei uma lida rápida no impressionante "Umbrella Academy" (falaremos deste depois...), mas fiquei impressionado do Moon já ter feito um material, no caso uma HQ, relacionado ao EXCELENTE seriado "Firefly" (quem não tiver assistido, pode fazer um favor ao seu lado nerd e assistir, quem já viu vai saber do que estou falando), depois de Doctor Who, acho que deve ser um dos mais divertidos que já assisti nos últimos anos. Depois de reler esta obra, acho que vale uma pesquisa melhor sobre outros materiais destes autores, e fico aqui com a vontade de mandar aquele e-mail pro editor das Graphics MSP pra ver este traço na coleção, que já é um espetáculo, mas não custa sonhar (quer saber, vou lá depois de postar isso daqui mandar um twitter pro Sidão).
     Arte e roteiro de qualidade inegável, este é o tipo de revista que me deixa orgulhoso da nossa indústria nacional, e ter vontade de ver mais quadrinhos nacionais nas livrarias do nosso Brasil. Continuem assim, rapaziada, meus bolsos dizem não, mas meus lábios dizem sim!
Um último sonho
P.S.: A nós que ficamos e pensamos sempre na continuidade da vida após uma perda é quase inevitável a dita pergunta, a tão sonhada possibilidade da reparação da perda e a fatal porém confortante constatação de que a vida por si só, (independente da sua crença de criação) é um milagre, e que mesmo que acabe ou quando acabe é algo a ser celebrado e lembrado com o merecido carinho e respeito pela obra dos que não puderam mais estar conosco.

"Nenhum livro é completo sem o fim. E quando você chega lá... Somente quando lê as últimas palavras... é que você vê como o livro é bom."
Brás de Oliva Domingos, um sonhador.