O GP de Cingapura teve a usual combinação de safety cars, luzes inacreditáveis, poucas ultrapassagens audaciosas garantindo a única ação digna de nota na pista, e Sebastian Vettel no alto do pódio no início da segunda perna asiática da temporada.
Apesar disso, foi a corrida mais estranha de 2015, pela surpreendente perda de performance da Mercedes, com Rosberg largando em sexto e chegando em quarto, e Hamilton abandonando por falta de potência.
A expectativa para o fim de semana era de mais um passeio prateado, e com Hamilton alcançando três marcas incríveis: o recorde de poles consecutivas da Williams (24), de Senna (8) e de vitórias na carreira de Senna (41).
Mas, como diria Garrincha (e profeticamente repetido por Flávio Gomes nos comentários pré-GP), faltou combinar com os russos; nesse caso, com os vermelhos.
Desde a classificação, Vettel só foi ameaçado por seu ex-companheiro de Red Bull, Daniel Ricciardo, e venceu a corrida de ponta a ponta. Com isso, o recorde de poles dificilmente será igualado pela Mercedes, e Hamilton terá de esperar até Suzuka para conquistar a mítica 41ª vitória, e até 2016 para superar as oito poles consecutivas do brasileiro.
Pódio da Corrida de Cingapura 2015 |
Mas o que chamou a minha atenção foi a superação de uma marca bem mais modesta. No sábado, Vettel conquistou a primeira pole em três anos (e primeira no seco em cinco anos!) da Ferrari, igualando o desempenho de Wolfgang Von Trips, primeiro alemão a vencer corridas na Fórmula 1, que morreu em 1961, enquanto liderava o campeonato que acabou vencido por seu companheiro Phil Hill.
Von Trips conquistou suas duas vitórias e sua única pole na categoria pela Ferrari, e é o longínquo antecedente da espantosa invasão germânica que começou nos anos 1990 com Schumacher.
Quem começou a assistir à categoria depois da morte de Senna dificilmente acreditaria que, até 1991, a Alemanha só tinha três vitórias (além das duas de Von Trips, uma de Mass em 1975); hoje tem 155, e onze campeonatos.
É verdade que a Ferrari sempre se deu bem com os seus vizinhos transalpinos, com os austríacos Lauda e Berger honrando as cores de Maranello nos anos 1970 e 1990, mas hoje é impossível ouvir o hino alemão sem esperar, em seguida, o italiano.
A primeira vitória de Vettel na Fórmula 1, no GP da Itália de 2008, guiando uma Toro Rosso, foi um sinal de que essa sequência voltaria a ser ouvida no final dos Grandes Prêmios.
Com a terceira vitória, Vettel supera Von Trips na lista dos alemães vermelhos, iguala o desempenho de Schumacher em sua temporada de estreia na Ferrari, e conquista de vez o coração da equipe com seus astutos, mas nem por isso menos sinceros, agradecimentos em italiano pelo rádio.
Como já disse algumas vezes, Vettel já é um dos maiores da história, e só falta superar um teste, que é o de enfrentar um companheiro de equipe realmente cascudo, como Ricciardo em 2014, e levar a melhor. Mas nem mesmo Schumacher teve esse desafio, e nem por isso deixa de ter o valor reconhecido. Senna x Prost, Piquet x Mansell, e Hamilton x Alonso são bons exemplos de que esse confronto, além de muito raro, é muito arriscado para as equipes.
Vettel não deve superar as 72 vitórias de Schumacher na Ferrari, até porque, se o fizer, alcançará incríveis 111 vitórias na Fórmula 1, vinte a mais que seu ídolo, o que não parece possível nem para os tifosi mais ensandecidos.
Vettel já era um fã de Schummi... e hoje, vem ganhando o espaço do Hepta campeão no coração dos Tifossi |
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